Inúmeras mulheres me procuram e perguntam como poderiam tratar uma “ferida” no colo do útero. São diversos relatos sobre tratamentos dolorosos, como a cauterização, visando tratar a tal ferida. Mas afinal, que ferida é essa? 

Na verdade,o que muitas mulheres chamam de “ferida”, em termos médicos é mais conhecida como ectopia cervical. Ela ocorre quando o epitélio, que deveria estar no canal cervical, se excede, indo um pouco para fora. Ou seja, resulta da exteriorização da camada interna do útero. 

Ficou complicado? Imagine que o colo do útero é como nossos lábios, que possuem duas partes: uma parte interna, que é bem delicada, e a externa, mais resistente. A parte de fora do colo, que seriam nossos lábios, corresponde ao epitélio externo do colo (parte que fica de frente quando vamos colher o preventivo). 

Já o epitélio do canal do colo do útero seria, também a título de exemplo, a parte de dentro da boca. Agora, suponhamos que você ficasse com a parte interna dos lábios da sua boca virada para fora. Ficaria bem estranho, né? A ferida do colo do útero nada mais é do que a parte de dentro do colo, virada para fora. Não se trata, portanto, de um machucado e nem de uma ferida.

A ectopia cervical pode ocorrer em qualquer idade. Porém, é mais frequente em mulheres jovens, especialmente entre aquelas que utilizam anticoncepcional. Na maioria das vezes é assintomática, mas em alguns casos podem surgir sintomas, como secreção vaginal, corrimento de cor amarelada, branco ou esverdeado, cólicas e sangramento durante ou após a relação sexual. 

Mas, por que essa coisa de queimar?

Muitas mulheres se submetem ao doloroso processo de cauterização, sem nem mesmo precisar. Esse procedimento somente deveria ser realizado se a região estivesse muito irritada, sangrando com frequência, ou se não apresentasse melhora após o tratamento com pomadas e medicamentos orais.

Caso a paciente não tenha queixas e esteja com o exame preventivo normal, geralmente não há necessidade de qualquer tratamento, apenas de acompanhamento médico. Na verdade, até aquelas que estão com o exame alterado não devem queimar a região.  Hoje, a recomendação é retirar cirurgicamente a área afetada e mandar para estudo laboratorial. 
Faça sua visita ao ginecologista regularmente e mantenha os exames preventivos do câncer em dia. Procedimentos desnecessários podem causar sequelas graves e mascarar doenças que necessitam de diagnóstico.